quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

VAMOS FALAR DISSO... MARIA FÁTIMA SOARES

OS MEUS AGRADECIMENTOS À ESCRITORA MARIA FÁTIMA SOARES PELA PRONTIDÃO COM QUE RESPONDEU AFIRMATIVAMENTE AO MEU DESAFIO 


CONJECTURANDO
Hoje há de tudo. Cursos de escrita criativa, de como devemos falar, andar, mexer, sentar, comer, olhar, amar e… Como se duas pessoas não soubessem no início de tudo, sem ninguém explicar nada, como proceder e encaixar-se, de modo a chegarmos a hoje. Concordo com o aperfeiçoamento contínuo! O interesse inesgotável sobre todos os assuntos e a inquietação inerente a cada um, mas creio, com uma convicção marcada, que quem não nasce com um pouco de tinta diluída no sangue (de modo a fazer entoar as letras como um cântico imortal, de beleza infinita) ficará sempre aquém, dos “mestres,” a quem pouco ou nada foi ensinado, mas descoberto a pulso… Genuinamente lhes foi “metido” no sangue, aquando das características, de quem viriam a ser e frequentem-se os cursos que se frequentarem, nunca se deixará de ser uma parca semelhança ainda que isso contrarie, nos doa e custe a admitir. Nem todos nasceram para “génio.” Nem todos nascemos com o “dom!”

E há tantos que nascendo com ele, não se funde ali, nos caracteres escritos mas noutra forma qualquer de “expressão” que se deve alimentar. Sem continuar a lavrar numa teimosia, de que todos somos quem gostaríamos, ou pretendemos ser. Não sou contra cursos, ou estudos, diga-se. Não, sou! Só se chega a um discurso “brilhante” ou capaz, após aturada leitura, procura, análise exaustiva do que os outros fazem! Pensam e contrapondo as nossas próprias ideias e estilos. Mas muito negócio se faz, com tudo e um tudo, de um todo, visível na etimologia (sentido límpido, cristalino, para que está direcionado) ou maviosamente velado, que serve para se diluir no encanto, que pode derivar unicamente, em ganhar-se dinheiro. A literatura, penso eu, é a filha bastarda das artes. Será sempre a menos querida, sendo de entre todas quiçá a mais brilhante. Que me perdoem os pintores, todos os ramos na pintura inseridos. A dança, com a deusa música, como patrona. E tantos filhos e sobrinhos, que foram crescendo por aí ao longo dos tempos, fruto de ligações legítimas ou fortuitas delas (artes) com cada artista, por consequência, cada amante, seu… Que breve as esqueceu ou trocou! Chamou a si, como paixão única. Indelével, as imprimiu na carne, tornando-as eternas à custa de muito. Muito mesmo. Sacrifício de tudo! Incompreensão de bastante. Sangue suor lágrimas como uma guerra pessoal, que muitas vezes se trava solitário, contra tudo e todos ( ou quase) que descrêem. Não são sensíveis a ponto de compreender porque se ama… Assim!

E a Literatura é tanto, para mim e muitos, que podia escrever eternamente sem chegar a uma conclusão pacífica e conclusiva num ponto final, de… Fim! A literatura é antes de mais, como tudo a que nos propomos e assim deve ser, AMOR, mas formação de espírito. Essa, ninguém a adquire ou “vende,” se não se nasce com ela. Não se adquire em nenhuma banca de mercado, curso de faculdade, ou ensino “avulso” de como “se faz”… Quando o nosso cérebro e o coração. A alma! É que nos deve comandar, os dedos e produzir obras de admirar. A literatura é acima de tudo respeitarmo-nos. Respeitar os outros. Nenhuma arte traduz tão bem o comportamento e o que é “devido,” como outros “braços” da literatura (psicologia, filosofia etc) mas também contornável, numa revolta massiva e construtiva, que as letras possibilitam ao pensamento! Ao sentimento, que se constrói duma realidade que se sente, e por vezes rebenta num… “Sei que não vou por aí!” É não só amar o próximo, porque houve um Deus que mandou, mas exatamente porque o homem/mulher que somos, entende assim! Acha que ele merece. É não invejar, provocar, armadilhar, maldizer, desvalorizar. Não comparecendo. É ouvir. Combater pelo mesmo fim e querer estar ao lado! Ser escritor é ser sensível, mais que a maioria. Amar as letras e o mundo e querer para os outros, o que queremos atingir. Seja isso o sucesso ou a merda em larga escala. Muita! Como se diz no teatro. E que se “partam todas as pernas do mundo!” Seja aplaudido, de pé, quando alguém entoa um poema em viva voz. Proclama um excerto de texto. É estar lá! Nos eventos dos outros, não só que gostemos que apareçam nos nossos. Estar calado e atento. Se possível, embevecido e enlevado, (não pedirei tanto…) Porque nos merecem respeito. E admiração. Aplauso! O nosso foco total. Orgulho em ser parceiro, ou somente conhecer de vista. Chegar à fala… É saber como agir e às claras! Não se chegar a ninguém unicamente para tirar proveitos e depois esquecer. Só para nos esclarecermos de quais os passos a dar futuramente, para nos promovermos de seguida e “ultrapassar” e minar! Isso é acoitar-se na mais desprezível atitude de quem não é de bem. Servir-se de quem nos serviu e não mais valorizar essa ajuda é não só ingrato, mas indigno. Adulá-los e manobrá-los e depois cuspi-los, porque já nos posicionámos do centro nevrálgico da “coisa.” Poderia condenar todo o oportunismo e cinismo. Toda a velhacaria e profunda anomalia que são alguns, nestes meandros da escrita. Como os haverá noutros locais (e nas variadas artes), mas não o faço. Não o merecem! Não mais que esta citação lógica, do quão ignóbil é, quem assim procede. Quem se presta a roubar um livro, quando nunca ninguém lhe disse que seria obrigado a comprá-lo. Só o convidou para ali, pelo prazer de compartilhar um momento bonito, não pela vaidade ou supremacia. Porém há quem nunca seja belo e consequentemente, transforme em feio, tudo aquilo em que toca. Há muito, muito que me levaria a ser idosa e de cabelos brancos, sem ver o tempo a passar, e continuaria a escrever para explicar, nunca conseguindo fazê-lo!


Há outra coisa importante e ligada a quem escreve, que depõe todas as suas esperanças em alguém que lê, mas não só! Depõe num outro, que o promove. E assim: Todo o editor DEVIA ser um pai! Tendo esse papel, jamais condenar ao fracasso. Favorecer. Escolher. Dividir. Apenas promover, uns. Entender, escutar e Amar que não equitativamente. Fazendo-o com o mesmo fervor e orgulho ao “filho” mais dotado, do que o mais “desajeitado.” Até ao controverso e revoltado. Porque todos somos, a nosso modo, brilhantes. Temos a nosso modo, valor. Que não sejamos uns… Lapidados! Outros só polidos. Porque se nascemos iguais. Iguais devem ser as oportunidades. E lealmente atribuídas.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

EU FALO DE... LARÁPIOS

Ontem em conversa com uma autora, fiquei a saber que no dia do lançamento do seu mais recente trabalho, aquando do balanço final sobre as vendas, o editor foi confrontado com uma diferença entre o dinheiro em caixa e os livros em falta. Tendo em conta que já não é o primeiro caso que chega ao meu conhecimento, sou impelido a tecer algumas considerações sobre esta situação que parece começar a ser recorrente. E, meus amigos, não estamos a falar de um ou dois livros mas de números bem superiores.

Como tenho afirmado várias vezes, o facto de comparecermos num evento não nos obriga a comprar seja o que for. Sendo verdade que as vendas nos eventos são importantes, não é menos verdade que a simples presença é muito gratificante para o autor. E neste assunto sinto-me perfeitamente em condições de poder opinar neste sentido porque, em primeiro lugar, já aconteceu em eventos meus aparecerem pessoas para simplesmente me darem um abraço sem terem comprado o livro, em segundo lugar e devido à minha condição de desempregado, nem sempre me é possível comprar o livro, mas isso não me impede de aparecer nos eventos.

Analisando cruamente a questão e colocando-me no lugar de cada um dos afectados tenho de dizer que:

a) não gostaria de estar na pele dos editores na hora de se verem confrontados com este género de situações. Acredito que deve ser tremendamente frustrante e incómodo ter de informar os autores que alguém pegou em livros sem pagar.

b) não gostaria de estar na pele das pessoas que ficam nas bancas a vender os livros e no final ficar a saber que alguém, com um acto incorrecto, para não dizer criminoso, colocou a sua honestidade e competência em causa.

c) não gostaria de estar na pele de um autor ao receber esta noticia porque, em circunstâncias normais, as pessoas que aparecem são, aos seus olhos, gente boa e insuspeita.

d) quanto aos infractores... nem consigo imaginar-me a fazer algo semelhante. No entanto devo dizer que estes actos nada mais são do que um aproveitamento da boa fé da pessoa que está a vender, uma enorme indiferença pelo trabalho de várias pessoas que fazem muito em prol da cultura, muitas vezes por mera carolice, e uma tremenda falta de respeito, para não dizer traição, ao autor, afinal o motivo principal para estarem num evento.

Para finalizar e sem querer fazer o papel de moralista porque sou perfeito nas minhas imperfeições, resta-me dizer que não encontro razões que justifiquem estes actos. Acredito que é mais vergonhoso ROUBAR um livro do que aparecer no evento e sair tal qual se entrou. Mas isso digo e faço eu porque gosto de andar de cabeça erguida.

Acho que vou começar a ficar de olho nas bancas não vá aparecer alguém que prefira andar com os olhos no chão.


MANU DIXIT