terça-feira, 16 de abril de 2013

EU FALO DE... DESCONHECIMENTO QUE ME TÊM


Desde que reformulei este blogue e lhe dei esta utilidade, se é que lhe pode ser dada alguma, tem sido muito interessante e, por vezes engraçado, sentir o retorno de quem lê o que aqui se escreve. E não me refiro aos comentários no próprio blogue. Falo dos e-mails, das mensagens no Facebook e de conversas cara-a-cara.

Na generalidade dos casos, são-me dados os parabéns pelos temas dos artigos mas há alguns que vão mais longe e tecem alguns comentários ao que aqui se escreve. Também me são explicadas as razões para não deixarem comentários no post a que se referem e eu só tenho de respeitar essas decisões.

Mas não é sobre nenhuma das reacções que acabei de enumerar que quero incidir o foco da minha reflexão. Hoje pretendo fazer alguns esclarecimentos sobre determinadas rúbricas e mim próprio.

Aqueles que acompanham com alguma regularidade o que aqui é publicado sabem que volta e meia são colocados textos de outras pessoas e algumas entrevistas feitas por mim. Muitos têm-me questionado se essas rubricas deixaram de existir, uma vez que são cada vez mais raros esses artigos. A resposta é negativa porquanto tenho continuado a contactar outros autores para escreverem sobre literatura e solicitado algumas entrevistas. O que se passa é que toda a gente é livre de aceitar, ou não, colaborar com este blogue e tenho recebido algumas respostas negativas às solicitações. Mas de certeza que mais artigos e entrevistas estão na forja e a seu tempo serão colocadas aqui. E para que não restem dúvidas, volto a dizer que, independente de concordar ou não com as opiniões que cada um defender no seu artigo, assumirei sempre a minha responsabilidade pela publicação desses textos, como assumo a paternidade dos meus.

E aproveito a embalagem para dizer a quem estiver interessado em colaborar com o blogue que as portas estão abertas a todos. Só existe a condição de virem assinadas e acompanhadas de uma foto.

Feito o esclarecimento sobre os artigos de opinião de outros autores e as entrevistas, passemos agora a falar de mim.

Muitos têm feito referência ao facto de todos os meus artigos serem ilustrados com a minha foto. A razão não podia ser mais simples: é a minha forma de dizer que assumo tudo o que escrevo e dou a cara pelas minhas opiniões. Aqueles que não me conhecem e quiserem abordar-me directamente sobre qualquer dos artigos têm assim um rosto para me poderem identificar.

Existem algumas pessoas que me têm acusado de fazer passar a imagem de alguém magoado e ressentido com o universo dos livros e de estar a fazê-lo de forma demasiado auto-centrada. Pois bem, é verdade que existem bastantes coisas no mundo dos livros que me incomoda, também é verdade que fico magoado e ressentido por situações que mereciam outro género de abordagens por parte dos elementos que compõem o universo literário, no entanto, ao contrário do que podem pensar, e alguns sabem bem da verdade daquilo que vou dizer, tenho utilizado situações de índole pessoal apenas como ferramenta para exemplificar condutas e comportamentos que são recorrentes e que me merecem reparos. Não se trata de auto-centrismo nem de ego desmesurado. Acredito que seria muita indelicadeza da minha parte utilizar situações semelhantes, mas que me são alheias, para ilustrar os meus pontos de vista. Ainda para mais sabendo que todas as situações a que faço referência não me afectam em nada porque assim me aculturei.

Sei que a minha imagem mais egocentrista, que sempre assumi, pode levar muita gente a ver as minhas crónicas dessa forma mas aqueles que pensam assim, em definitivo, não me conhecem. Tenho o culto do egocentrismo enraizado em mim mas nunca lhe dei o uso mais depreciativo que o conceito encerra. Tenho uma percepção de ego que se limita à auto-valorização íntima e como forma de auto-motivação. Tenho um ego grande porque para poder gostar dos outros aprendi a gostar de mim e nessa aprendizagem apaixonei-me por aquilo que me tornei.  E se muitas vezes digo que determinadas situações me alimentam o ego quero apenas dizer que cada vez mais gosto de mim.

Por outro lado, e regressando ao auto-centrismo, todo o alarido, todas as manifestações de desagrado e repúdio que faço nos meus artigos têm como objectivo alertar os mais despreparados, os menos atentos, os mais amorfos. A minha intenção principal é abrir caminhos para os debates saudáveis e fazer com que as pessoas usem as suas próprias cabeças tal como eu dou uso à minha. Creio que, com a experiência que já acumulei, posso e tenho o dever de ajudar outros na compreensão de situações mais dúbias e mudar as coisas. Ou pelo menos tentar a mudança, principalmente de mentalidades e comportamentos. Não sou nem nunca fui um inactivo e, vale o que vale, tenho as minhas convicções pelas quais dou a cara e luto. Também me apraz dizer que, contra muitas das opiniões que me chegaram de viva voz, enquanto autor tenho já um universo de leitores muito interessante e que ultrapassa, para surpresa de muitos, as nossas fronteiras geográficas. Tenho enviado muitos livros, especialmente os anteriores, para outros pontos do globo e, aliás, tem sido essa a razão que me faz aguentar um pouco melhor esta minha condição de desempregado.

Para terminar e porque no início deste artigo falei em situações engraçadas, tenho de dizer que me dá um gozo imenso e acho piada quando noto que, muitos daqueles que à partida tinham a quase obrigação de conhecer-me de ginjeira, afinal de contas desconhecem-me completamente e têm revelado muita surpresa pelo teor dos meus textos. Um homem não se define apenas e só pelos comportamentos que tem nos jantares de amigos, nas tertúlias e eventos culturais, pelas conversas mais ou menos melosas que tem nem pela quantidade de fotos em que aparece rodeado de gente bonita. Um homem não se define simplesmente por uma imagem que passa ou pela ideia generalizada que várias imagens podem produzir. Um homem também se define pela postura social, crítica e de pensamento. Um homem também se define pelas ideias que tem e pela forma como as expõe, argumenta e defende. A definição de um homem não pode ser feita apenas e só tendo por base um dos lados que o compõem. O homem deve ser definido pelo seu todo e nunca pela metade. E acho muita piada que muitos me definam por um décimo daquilo que sou. O Emanuel Lomelino não é só aquele sujeito bem disposto, brincalhão e divertido. Tampouco é somente o namoradeiro, insinuante e provocador. Também não sou só o autor, criativo e resistente a que me chamem poeta. Sou também o homem de causas, de opinião e de crenças. Sou também o teimoso assumido, o persistente, o que diz o que tem a dizer. Sou a soma de virtudes e defeitos, sou o produto de coerências e desencontros. Simplesmente sou por inteiro.

Quem me conhece de verdade sabe que nunca liguei a opiniões exteriores e pouco me importa o que dizem e pensam de mim porque acredito que (alguns provavelmente já estarão a rir porque sabem qual a frase que vou usar) só me pode fazer mal aquilo que eu deixar. Eu eu nunca deixo que me façam mal.
MANU DIXIT

6 comentários:

  1. Gostei MUITO de ler, Emanuel.

    Um RIQUÍSSIMO texto identificador do homem, o ser humano vincado, a génese do ser que vive e defronta tudo o que o rodeia com o seu próprio carisma e emite a opiniões que vêm de si, actuando em conformidade.

    Pois para além do POETA (que é grande) há o HOMEM (que é enorme).

    Forte abraço.

    António MR Martins

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    Respostas
    1. António! Obrigado pelas palavras.
      A amizade não agradeço, simplesmente desfruto.
      Forte abraço.

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  2. Só uma nota, duas:

    rubrica - não tem acento nenhum

    repúdio - tem acento agudo

    BRSE

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  3. Independentemente dos reparos, deixa-me dizer-te Emanuel que só não sofre isso na pele quem se cala e deixa calar. Quem não se permite pensar e opinar mesmo contra a grande maioria.Quem não alerta determinadas situações no mundo literário aos que vêm. Esses, somos todos aqueles que pensamos e discordamos (se tiver que ser), os que poderão incomodar pelas palavras...NÓS, autores que já lá passamos.

    Um abraço
    Carla Pais

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