terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

EU FALO DISSO!!!


OS PREÇOS DOS LIVROS

Na quinta-feira passada, ao fim da tarde, em conversa com alguém que leu a entrevista do poeta ANTÓNIO MR MARTINS, entre outros reparos, foi-me perguntado se eu realmente achava que os portugueses têm hábitos de leitura reduzidos. Perante a confirmação desse meu ponto de vista fui confrontado com uma realidade que subscrevo na totalidade e me fez recordar um artigo semelhante a este, que escrevi há três anos para um blogue que já não existe, no qual eu exponha a minha indignação pela diferença de preços dos livros nas livrarias e aquele que as editoras praticam durante as feiras do livro.

Recordo-me que na altura escrevi esse artigo baseando-me no facto de ter adquirido "O LIVRO DE DESASSOSSEGO", de FERNANDO PESSOA (edição Relógio D'água), na feira do livro de Lisboa por 60% do valor que o mesmo era vendido nas lojas Fnac (supostamente o local onde encontramos os preços mais reduzidos) e 50% mais barato que nas lojas Bertrand. Com a poupança que fiz só nesse livro fiquei com dinheiro para comprar mais meia dúzia de livros e se não me falha a memória, no total gastei menos de 50€ em vez dos quase 100€ que gastaria numa livraria.

Apesar de continuar convicto que o hábito de leitura dos portugueses é reduzido, também aceito e acredito que um dos factores principais para essa circunstância reside na gula das editoras e livreiros durante todo o ano.

Se alguém souber, faça o favor de me dizer por que razão existe uma diferença tão grande de preços, tendo em consideração que ocupar uma banca na feira do livro implica custos, não só de aluguer do espaço mas também com salários dos funcionários das bancas, entre outros encargos que todos sabemos existirem nestes eventos (limpeza e manutenção das condições do recinto, etc).

Se com os preços praticados durante estes certames, as editoras conseguem ter sempre lucro qual a justificação para nas livrarias existirem muito livros com preços tão inflacionados?

MANU DIXIT

17 comentários:

  1. Ora aí está uma questão pertinente e razoável de todo. Na realidade, há coisas que por mais que nelas pensemos jamais as compreenderemos.

    Gostei de ler.

    Abraço

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    1. António! E há tantas meu amigo!
      Obrigado pela visita e comentário.
      Abraço.

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  2. Também gostava bastante de saber. Era muito bom se aparecesse algum editor ou livreiro que nos pudesse responder a esta e tantas outras questões.
    Um beijo!

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  3. Não sou editora nem livreira - embora gostasse de ser uma e outra... -, pelo que a minha opinião pode estar errada. Parece-me, no entanto haver aí uma diferença óbvia para quase todas as bancas das feiras; para o exemplo dado, Relógio D' Água: na feira, vende directamente ao potencial leitor. Na livraria, o livro tem a percentagem paga à livraria (elevada, creio eu) e os custos da distribuidora... Outra razão é o facto de a feira servir para escoar "stocks" acumulados; a par destes, evidentemente, terá de haver obras recentes a preços aliciantes. Interessa vender edições "atrasadas" para ganhar liquidez e, ainda, para libertar espaço - os armazéns também têm custos.

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    1. Então a solução para tornar os preços dos livros mais acessíveis passa por fazer mais feiras do livro! Não me parece mal!
      Obrigado pela visita e pelo comentário!

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  4. Também não sou editora nem livreira mas ía deixar aqui um comentário idêntico ao da Bikitim.
    Acrescento apenas que penso que nas feiras do livro as editoras vendem alguns livros a preço de custo só mesmo para não estarem com dinheiro empatado.
    É preferível realizar algum dinheiro do que ficar com livros que já sabem à partida que dificilmente vão vender.
    Pelo que sei o trabalho de algumas editoras envolve algum/bastante risco, mais do que o dos livreiros, já que a venda é sempre (ou quase sempre) uma incógnita.
    E digo isto porque as livrarias pedem/compram x exemplares e passando poucos meses devolvem os que não venderam à editora.
    As condições já são essas e a editora fez uma edição, por exemplo, de 3000 exemplares, vai quase tudo para as livrarias e passado poucos meses têm uma devolução de mais de metade da edição.
    Não sei se estou certa ou errada, de facto um editor poderia esclarecer melhor estas questões.
    :-)

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    1. Maria Eugénia! O melhor mesmo é desatarmos a fazer feiras do livro a toda a hora :)
      Obrigado pela visita e comentário.

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  5. O mercado livreiro funciona segundo as mesmas regras que os saldos em qualquer superfície comercial, só que ao invés de lhe chamarem saldos as editoras e os livreiros chamam-lhe feira no livro, dentro das regras de mercado os produtos adquiridos numa feira são sempre mais baratos,senão não fazia sentido uma feira do livro, sendo assim durante o ano vendem a um determinado custo visando determinado lucro para que assim possam vender mais barato na feira. Isto com os chamados clássicos que nunca saem do mercado, quanto aos outros também penso que é para escoar produto, se chegam a contactar a família de autores mortos para que estes levantem os livros que não venderam, conheço alguns casos desses tal como umas calças que se compram por 50 e nos saldos por metade do preço, as regras de mercado são as mesmas, quer se trate de livros ou de outra mercadoria qualquer. Quanto aos portugueses não lerem isso vem de há décadas,os portugueses nunca foram de grandes leituras, antigamente havia uma elite que tinha dinheiro para livros porque mais de metade da população não sabia ler e actualmente o nível escolar da maioria da população não é muito elevado apesar das Novas Oportunidades e os mais novos que são mais letrados estão virados para outras coisas que não a leitura, Computadores e jogos. A crise veio piorar tudo ainda mais.

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  6. Antónia Ruivo! Muito obrigado pela sua visita e pela bela analogia expressa no seu comentário. Realmente, pensando bem, as feiras do livro nada mais são do que saldos, gostei!

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  7. Camarada, bom dia. Sobre o que referes neste "post", há que ter em conta vários factores. Se a editora está ou não dentro de uma estrutura que possui pontos de venda e se a colocação dos seus produtos é assegurada por uma distribuidora. O tempo de resposta é bastante mais curto nestas circunstâncias pelo que o risco é um factor que pesa menos. No entanto, as pequenas editoras, na sua grande maioria, têm alinhado o pvp pelo que o mercado dita, mesmo que isso complique as contas. Metade (ou perto disso) do valor do livro fica na livraria (as consignações oscilam entre os 30% e os 50%). Há que ter em conta que o restante tem de dar para os custos fixos, bem como para os variáveis tais como a colocação (e em muitos casos a própria retirada) dos livros nas livrarias. Se pensares que há necessidade em se efectuar edições de pequena dimensão, quase sempre através de tiragens parcelares, o custo de produção unitário é bem maior, o que vai "engolir" parte importante do que resta. No entanto, bastaria que se soubesse mais rapidamente do que ocorre no ponto de venda, permitindo reposições mais céleres, que certamente, com o tempo, também o pvp poderia baixar. Um abraço, Xavier Zarco.

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    1. Xavier! Obrigado pela visita e pelo comentário.
      Já só falta lermos o que têm a dizer os livreiros.
      Abraço.

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  8. Boa noite.
    As editoras pequenas de hoje se vivessem dos lucros da venda dos livros passariam muito mal. Porque tal como referem alguns comentários anteriores mais de 50% do valor de capa de um livro fica nas elevadas percentagens no circuito livreiro. A esses custos acrescem portes de envio dos livros para os mesmos. Deduzindo o valor dos custos de edição e impressão o que sobra é quase zero (em alguns casos para lá zero). Enfim cada um de nós faz o melhor que sabe mas acusar as editoras de grandes lucros só pode ser visto como a opinião de um leigo que não sabe do que fala. Beijo amigo daqui. Maria José Lacerda

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    1. Maria José! Acho que no fundo o que ressalta de todos os comentários é que o negócio dos livros apenas dá dinheiro aos livreiros e aos grandes grupos editoriais que põem e dispõem. Obrigado pela visita e pelo comentário. Beijos.

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  9. Beijo amigo daqui Emanuel. Maria José Lacerda

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  10. Reforço aqui palavras já ditas acima e igualmente com conhecimento de causa.
    Quase metade do valor de capa de um livro é para as Livrarias, logo podem fazer esses descontos na Feira do livro.
    Outro aspecto que considero importante, muitas das vezes um desconto maior é uma forma de escoar livros que há muito ocupam espaço nos armazéns.
    As Editoras e falando nas pequenas que é sobre o que me posso pronunciar, sobrevivem por amor ao que fazem, não pelo lucro. Se assim fosse, poucas ou nenhuma existiriam.
    Beijo amigo daqui,
    Susana Maurício

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    1. Olá Susana! Obrigado pela visita e pelo comentário. Nada como falar das coisas para se aprender.
      Beijoca.

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